Limão Verde comemora retomada de terras


“Meus pais, finado meu avô, moraram aqui. Eu nasci aqui, em 1941..” foi com essas palavras e muitas lágrimas que o senhor Juventino Terena festejou a reintegração das terras Amambaí, local onde nasceu e morou, e que atualmente era conhecida como Fazenda Santa Bárbara.
A comemoração aconteceu no último sábado 17 de setembro, contando com a presença da comunidade Terena da aldeia Limão Verde e autoridades local.

Foram reintegrados 392 hectares da Fazenda Santa Bárbara, que desde 1996 estava em processo de julgamento. A área foi declarada terra indígena de acordo com os laudos antropológicos e argumentos apresentados pela Fundação Nacional do índio junto á comunidade Terena.


Subsistência

A terra indígena Limão Verde passa a ter 5.400 hectares e servir mais de 1100 indígenas, entre eles adultos, idosos, jovens e crianças. A área reintegrada além de simbolizar o retorno as terras dos antigos Terena, como ressaltou o senhor juventino, já está sendo utilizada pela comunidade para a criação de animais que servem para subsistência das famílias. Dali retira-se a carne, o leite e quando necessário a venda de alguns dos animais para a compra de algum produto que a família necessite. As lideranças frisam o espírito indígena, lembrando que nenhuma família almeja ser grande pecuarista. Lembram que tudo é feito para o consumo próprio e a sobrevivência dentro da aldeia.

Os próximos passos da comunidade é o reflorestamento das margens do Córrego que corta a área e também a preservação de suas margens, melhoria na infra-estrutura para as famílias e a busca de incentivo para mais projetos de agricultura familiar.

Com tradição agrícola e comercial, a principal fonte de renda da comunidade vem da plantação e venda de produtos agrícolas, do serviço público e da mão de obra em fazendas da região. Cada família possui sua roça, onde cultivam diferentes alimentos como a mandioca, o feijão e frutas. Esses produtos são comercializados pelas mulheres nas feiras de Aquidauana, e em Campo Grande e também auxilia para o abastecimento de comércio na região.

A rotina dessas famílias inicia logo cedo. Ainda antes do sol sair, pode-se ver os homens se dirigindo para as roças e as mulheres esperando o ônibus para seguir até a cidade de Aquidauana. Muitas delas saem pelas ruas da cidade vendendo os produtos e outras ocupam os espaços da feira da estação Ferroviária e da feira da avenida Estevão Alves Correa, próximo a rodoviária de Aquidauana.

No âmbito da Educação e cultura, os professores Terena das escolas indígenas Lutuma Dias e Pascoal Leite Dias, estão preocupados com a preservação da cultura e memória Terena. Com o apoio do Projeto Momentos e Lugares da Educação indígena (PUC-SP), componente do Observatório da Educação indígena do MEC, estão produzindo materiais didáticos referentes a história dos Terena e do Limão Verde. São textos e vídeos que posteriormente serão utilizados nas escolas indígenas da aldeia, com o intuito de fortalecer a cultura tradicional e valorizar a memória dos idosos.